No Morro Grande, o patrimônio é vivo, coletivo e atravessa tudo aquilo que nos conecta com nossa história e identidade. Não se limita aos prédios antigos ou aos marcos de pedra. Ele está nos gestos de quem varre a calçada, nas músicas de roda, nas rezas entoadas na encruzilhada, nas lembranças passadas de boca em boca, nos cheiros da cozinha da avó, nos rituais de fé, nas construções levantadas em mutirão.

Ao longo do tempo, nosso território enfrentou processos de apagamento, urbanização acelerada e especulação imobiliária. Mesmo assim, seguimos firmes, cuidando daquilo que consideramos sagrado: nossos lugares de memória, nossas paisagens, nossos saberes, nossas tradições e nossas lutas.

Acreditamos que o patrimônio é um direito — um direito à lembrança, ao pertencimento, à permanência. Por isso, fazemos da pesquisa, da escuta e do afeto formas de proteger e reativar o que é nosso. Reunimos relatos, documentos, imagens, mapas e vivências que nos ajudam a reconhecer o valor histórico, social e simbólico do nosso bairro.

Mais do que conservar o passado, queremos fortalecer a presença e garantir o futuro. Preservar, pra nós, é também transformar: ocupar os espaços abandonados com arte, recontar as histórias esquecidas, dar nome às coisas com nossa própria voz. É dizer: aqui houve, aqui há, aqui haverá memória.